sexta-feira, 5 de junho de 2009

PARA QUE???

















Para que desejar os sonhos que morreram




E aquele antigo amor que nunca há de voltar?




Para que desejar as ilusões que foram




Silenciosamente, para que desejar?




Para que lamentar, amigo, a primavera de risos e sons que nunca há de retornar?




Para que lamentar os rigores do inverno




E as nevadas da vida... para que lamentar?




Para que suspirar por amigos que partem para longe de nós... e a dor de separar?




Para que suspirar, se os amigos não vêem a nossa solidão?




Para que suspirar?




Para que prantear os mortos bem amados,




E as vozes, doces vozes, que nunca hão de voltar




À magia do riso e à magia do canto...




Este silêncio eterno... para que prantear?




Para um sonho que murcha, mil sonhos reverdecem,




E nas cinzas do amor outro há de reflorir.




As ilusões que vão, elas também retornam




Silenciosamente, como as vimos partir.




A primavera volta e o sol e a claridade,




Seja um dia ou outro dia, hão sempre de brilhar;




A invernia se vai... e os rigores do inverno




A presença do sol não podem perturbar!




Há amigos que partem, e há amigos que ficam,




Cheios de amor profundo e de consolação;




Vivem perto de nós, mister os descubramos,




Para encher-se de sons a nossa solidão.




E, para que chorar os entes que morreram,




Se em nosso coração eles podem morar,




Se a saudade bem quer repetir suas vozes,




E eles podem viver dentro do nosso olhar?




E paira, além de tudo, esta grande certeza:




O meu Pai tudo vê, o meu Pai sabe amar...




Se o Pai cuida de nós e o seu amor é eterno




E a nossa vida breve... para que chorar?




(Daria Gláucia Vaz de Andrade)