Saudades  dos momentos que tiveram… 
Saudades dos momentos bons e dos maus também  (tudo fazia parte!). 
Sente saudades das conversas sem pé nem cabeça e  das discussões que às vezes tinham. 
Sente saudades dos passeios, das  duas vidas nada parecidas mas extremamente próximas, 
do  sorriso que lhe  estampava a face quando ele falava algo engraçado; da  cara de raiva dele  quando, mesmo sem querer, ela o irritava.
Saudades   do contato intenso, único e todo errado que tinha com ele; das manhãs,   tardes, noites e madrugadas; do ciúme dele, dos com fundamento e  dos sem  fundamento também; dos medos que ele apresentava e da maneira  como ela  cuidava deles. 
Saudades da forma como ele se preocupava com  ela; s
audades da fraqueza dele, que dava a ela ânimo para ser forte; do  primeiro beijo e do último também.
Saudades   da vida que levavam, tão igual e tão desigual; de quando ele aparecia   do nada e a fazia sorrir pelo simples fato de estar ali; do olhar   intenso dele, e da maneira que ele dizia 
“bom dia” deixando o brilho nos  olhos dela; das mãos dele nas dela, a da boca dela na dele. 
Saudades  dos braços dela à procura dos dele e dos  braços dele procurando os  dela.
Tem  saudades dos planos que não fizeram, dos sonhos impossíveis que  tentaram ver crescer. 
Sente  saudades de tudo que se realizou e de tudo  que não se realizou também;  dos telefonemas antes de dormir, das  cartas com palavras  doces, as  palavras duras e a vontade de ser mais, ser diferente; 
da  música que até hoje toca para lhe fazer sentir mais saudades. 
Saudades  dos presentes no Natal e aniversários, da surpresa nos olhos dele.
Tem   saudades dele ao seu lado, da presença dele nela mesmo que à  distância;  dele fazendo-a chorar e dela fazendo-o sorrir; de tudo o que  viveram e  do que não conseguiram viver. Saudades da mania dele de não  saber amar  que a fazia sentir-se a mulher mais amada do mundo;  da  freqüência de um  no outro, da forma de esquecer o mundo quando estavam  juntos. Da  maneira simples de ver a vida. Vida que não foi nada  simples…
Tem   saudades de ser dele, só dele e sempre dele; de pertencer inteiramente  a  ele, fazendo-lhe parte da  vida; de conhecer-lhe e acompanhar os   passos; da história deles, a mais estranha que alguém já viveu e,   certamente a mais complicada que Deus escreveu. 
Tem  saudades do que  contavam um para o outro, dos segredos que mantinham,  que escondiam.  Saudades do aniversário dele, e do  aniversário dela uma  semana depois; 
saudades  do aniversário dos dois; do tempo deles, de cantar (mas cantar  só para  ele dentro do carro), saudade do café a cada manhã. 
Tem saudades  do namoro escondido, onde só eram ela e ele; 
saudades do amor, dos  encontros e dos desencontros.
Saudades   de dizer “te amo para sempre”, “forever”; de estar com ele  simplesmente  por estar.  Saudades da amizade, da força e da confiança  nela, neles.   
Sente  saudades da voz, do carinho, da paixão, do desejo, das loucuras,  do   talento; dele quando estava com ela e  dela quando estava com ele.
  Saudades de um casamento que não aconteceu, mas foi quase real. 
  Saudades dos filhos que não tiveram, mas cujos rostinhos sorridentes  ela  chegou a vislumbrar. Saudades da cama que não dividiram, mas onde   esquentaram os lençóis hoje frios. 
Saudades do futuro que não viveram. 
Saudades dele. 
Só dele!
É   em tempos como estes que ela sente mais saudades dele, pois se ele   ainda fizesse parte de sua vida como fazia antes ela seria feliz de   novo. 
De alguma forma ele ainda faz… 
Dizem por aí que todo “para sempre”  tem um ponto final; 
entretanto, no dela, ela preferiu colocar  reticências… 
Talvez por isso não tenha morrido de saudades.
