terça-feira, 20 de julho de 2010

MINHA CASA...

A minha casa, é onde o espírito mora.
Onde arrumo os meus hábitos e organizo momentos.
A fortaleza sem paredes onde me sinto segura,
As almofadas onde a tormenta descansa.
Perfumes e recordações.
São livros, e objectos pequenos.
A musica de que mais gosto, e o lento passar do tempo.
Não tenho laços, nem raízes.
Nem cidade, nem país.
Habito as palavras e os sonhos onde me sinto tranquila.
É uma janela aberta a um horizonte qualquer.
Onde adormeço para sonhar.
Onde morri tantas vezes
para renascer todos os dias.
Não tem divisões demarcadas.
A minha casa etérea,
é transparente e maleável.
Dissolve-se.
Transfigura-se e desfaz-se.
Dura um segundo e evapora.
Permanece em mim para sempre,
como uma cicatriz,
ou um instante esquecido de um momento que passou.
A minha casa, é o que invento.
É onde me reinvento.
É toda espelhos e luz, mesmo na sombra.
Mesmo que chova.
Mesmo que a humanidade torne o ar pesado.
Mesmo que a luz lhe passe ao lado.
Uma estrada lamacenta, relembra o exílio.
Espaço intermédio, ou rampa de lançamento.
Uma casa de lego, que encho de bonecas.
Onde não cabem mais bonecas,
nem conchas, nem silêncios.
É onde as mascaras se quebram e as cortinas voam soltas
-são lenços de praia filtrando a luz da manha.
São dias iguais, ou dias cinzentos.
São vozes que me pertencem e velas de baunilha.
Caixas de pequenos nadas catalogadas por cores.
Padrões rasgados, de tão gastos.
Um velho pano de chão.
É um palácio de princesas,
onde falta quase tudo.
Mas na Minha casa reciclada.
Veio uma onda brilhante
E tudo desmoronou.



(Autora: Jilly)