sábado, 30 de outubro de 2010

ARTUR, FOLGO-ME EM SER UMA PRINCESA GOSTOSA!!! DESCULPE-ME AS QUE NÃO SÃO OU NÃO SE CONSIDERAM.






 
 Ninguém mais sabe o que é ser faceira. 
A palavra foi se desgastando pela deformação semântica tão comum em atitudes revogadas.
Quem hoje, saberá o que representa para uma mulher ser faceira? 
Hoje a moçada não está nem aí para ser faceira. 
Quer é ser gostosa, expressão algo grosseira,
nada obstante sua veracidade.

Não! Não! Não! 
Faceiro é muito mais do que isso. 
Amiga minha, bela mulher, "racé", classuda, com ar de princesa, mais para Grace Kelly que outro dia reclamava a quem lhe elogiava a beleza de cisne: 
“— Estou cansada de ser princesa, elegante, classuda! 
Nunca ninguém me chamou de gostosa.”                              Pois tive vontade de lhe dizer que muitas vezes subjaz(1) na mulher faceira uma sensualidade refinada, intensa mas calada, discreta, sofisticada até, longe e superior à concepção atual da “gostosa” que nos é imposta pela propaganda de cerveja, essa insuportável e deletéria propaganda de cerveja.

Pois fico com a mulher faceira. 
Faceira é a mulher que tem o gosto do garbo, 
da tafularia, da afetação, do dengo, como formas de expressar alegria, prazer de viver, vitalidade, delicadeza de sentimentos, uma certa ânsia de harmonia, 
de mansidão, de conviver gostoso.

Faceira vem de face, que deriva do latim “facies” ou “facia”, no latim popular. O sentido desta expressão é o de “forma exterior”, “aspecto geral de alguém”, “ar”. Pois faceira é a mulher que consegue fazer de seu “aspecto geral”, um ar de beleza, juventude, alegria, leveza. 
Em Portugal esse sentido ainda perdura e é falado.

Leveza é a virtude, minha doce leitora. A vida é tão carregada de densidades, dores e problemas, que passar por dentro deles e conseguir manter uma face jovem, taful(2) e um ar alegre, indica uma filosofia de vida, uma energia, uma saúde interior. A pessoa faz-se leve às demais. Desobriga os outros do peso de suportá-la, entendê-la, ouvir-lhe os sofrimentos.

Faceira, portanto, é graça, e muita, na mulher!

Um amigo português usa outra palavra correta, devido ao hábito do falar preciso de Portugal: 
garrida sim, a faceirice faz as mulheres garridas, elegantes, enfeitadas, brilhantes, casquilhas(3). 
Por falar nisso, ocorre-me uma outra característica a da mulher catita(4). Essa caiu em desuso. 
Mas os portugueses ainda têm outros recursos no idioma para elogiarem as mulheres: 
“airosa” !

Faceira, garrida, catita, airosa, seria a bela mulher carioca a recuperar nos seus modos feminis, alguns adjetivos que caíram em desuso. 
Seria a mulher a recuperar, com novas modas e contornos, 
os adjetivos que envelheceram. 
Soem as trombetas. 
Está cheio de faceiras, airosas e garridas pelas ruas e praias deste Rio de Janeiro. 
Deus as abençoe! 
Quanto à hoje badalada gostosa, cuidado: 
isso só sabe na hora do amor.

O resto é voyeurismo...

Artur da Távola 


presente da minha irmã Linda Lacerda.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

TODAS AS CARTAS DE AMOR SÃO RIDICULAS.

(E MAIS RIDICULO AINDA,É ROUBAR CARTAS DE AMOR RIDICULAS DE OUTROS RIDICULOS QUE AS  ESCREVEU.)

Todas as cartas de amor são

Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.
Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.

As cartas de amor, se há amor,

Têm de ser
Ridículas.

Mas, afinal,

Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.

Quem me dera no tempo em que escrevia

Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.

A verdade é que hoje

As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.

(Todas as palavras esdrúxulas,

Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas.)

Álvaro de Campos

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Perdão e Liberdade
Aprendamos a perdoar, conquistando a liberdade de servir.
E imprescindível esquecer o mal para que o bem se efetue.
Onde trabalhas, exercita a tolerância construtiva para que a tarefa não se escravize a perturbações...
Em casa, guarda o entendimento fraterno,

a fim de que a sombra não te algeme o espírito ao desespero...
Onde estiveres e onde fores, lembra-te do perdão incondicional, para que o auxílio dos outros te assegure paz à vida.
É indispensável que a compreensão reine hoje entre nós,
para que amanhã não estejamos encarcerados na rede das trevas.
A morte não é libertação pura e simples.
Desencarnar-se a alma do corpo não é exonerar-se dos sentimentos que lhe são próprios.
Muitos conduzem consigo, além-túmulo, uma taça de fel envenenado com que aniquilam os melhores sonhos dos que ficaram na Terra...

e muitos dos que ficam na Terra conservam consigo no coração um vaso de fogo vivo com que destroem as melhores esperanças dos que demandam o cinzento portal do túmulo.
Não procures para tua alma o inferno invisível do ódio.
Acomoda-te com o adversário ainda hoje, procurando entendê-lo e servi-lo, para que amanhã não te matricules em aflitivas contendas com forças ocultas.
Transferir a reconciliação para o caminho da morte é atormentar o caminho da própria vida.
Perdoa sempre, reconhecendo que não prescindimos da paciência alheia.
Nem sempre somos nós a vítima real, de vez que, por atitudes imanifestas, induzimos o próximo a agir contra nós, convertendo-nos, ante os tribunais da Justiça Divina, em autores, intelectuais dos delitos que passamos a lamentar indebitamente diante dos outros.
Toda intolerância é violência.
Toda dureza espiritual é crueldade.
Quase sempre, a crítica é corrosivo do bem, tanto quanto a acusação habitualmente, é um chicote de brasas.
E sabendo que encontraremos na estrada a projeção de nós mesmos, conservemos o perdão por defensor de nossa liberdade, ajudando agora para que não sejamos desajudados depois.



Autor Espiritual(Emmanuel)
Psicografada por Chico Xavier