Da pátria formosa distante e saudoso
Chorando e gemendo meus cantos de dor,
Eu guardo no peito a imagem querida
Do mais verdadeiro, do mais santo amor:
Minha Mãe!
Nas horas caladas das noites de estio,
Sentado sozinho co'a face na mão,
Eu choro e soluco por quem me chamava:
Ó filho querido do meu coracão.
Minha Mãe!
No berco pendente dos ramos floridos,
Em que eu pequenino feliz dormitava,
Quem é que esse berco com todo o cuidado
Cantando cantigas alegre embalava?
Minha Mãe!
De noite, alta noite, quando eu já dormia,
Sonhando esses sonhos dos anjos dos céus,
Quem é que meu lábios dormentes tocava,
Qual anjo da guarda, qual sopro de Deus?
Minha Mãe!
Feliz o bom filho que pode, contente,
Na casa paterna, de noite e de dia,
Sentir as carícias do anjo de amores,
Da estrela brilhante que a vida nos guia:
Minha Mãe!
Por isso eu agora, na terra do exílio,
Sentado sozinho co'a face na mão,
Suspiro e soluco por quem me chamava:
"Oh filho querido do meu coracão!"
Minha Mãe!
O nome de minha mãe (1914-1992)Casimiro de Abreu