sábado, 18 de dezembro de 2010

CHEGADAS E PARTIDAS.




Eu sou um aeroporto.
Na verdade, todos nós. 
Que outro lugar, senão um aeroporto, condensa sob o mesmo teto a alegria do encontro e a tristeza da despedida? 
Vejo pedaços de mim acima das nuvens, em logradouros distantes, em cidades inóspitas. 
Recebo, também, de todo lugar, pedaços do mundo que, como ímãs, aplicam-se sobre a minha pele e lá ficam para a posteridade, exibidos por onde passo.
Alguns têm a pista embrenhada entre matas, encoberta por nuvens de chuva, radares desligados ou intencionalmente sabotados. 
Tem gente que tem medo de avião.
Por medo das partidas, tem gente que não deixa ninguém chegar. São aeroportos fechados. 
No entanto, a gente só percebe o calor do abraço quando sente a dor de respirar o ar frio do avião e da solidão. 
Você brada aos céus toda sorte de impropérios, mas não percebe que vôo nenhum te encontra no radar.
Eu sou um aeroporto. 
Chegadas e partidas são a única certeza na minha vida. 
Meus olhos estão virados pro futuro, focados na estrada que se prostra à minha frente. 
Encontro em mim, com igual facilidade, motivos para persistência ou para desistência. 
E continuar pra quê? 
Continuo com a força do que levo pra vida. 
O saldo positivo disso tudo é a quantidade de aviões que acolho em meus hangares. 
Pedaços de histórias que conto pra mim mesmo todo dia, enquanto ergo um tímido sorriso quase que instantâneo de realização.
E você, aeroporto em greve, tá esperando o quê, olhando pra cima?
(Avião não pousa em aeroporto fechado)



Por romanceemapuros

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

DE PATY, PARA LEONE LACERDA



Se os beijos fossem água,
te daria um oceano. 
     
Se os ABRAÇOS fossem plantas,
te daria uma floresta.
  
Se a VIDA fosse um planeta,

te daria uma galáxia.
Se a AMIZADE fosse a vida,

te daria a minha.

sábado, 11 de dezembro de 2010

MAR MORTO E MAR DA GALILEIA 

  1. Mais vale dar que receber 
  2. Na Terra Santa, há dois lagos alimentados pelo mesmo rio: 
  3. o Rio Jordão. 
  4. Ficam situados a uns quilómetros de distância um do outro.
  5. Mas ambos possuem características bem distintas entre si.
  6. Um é o Lago de Genesaré, também conhecido como Mar da Galileia ou Lago de Tiberíades.
  7. O outro é o chamado “Mar Morto”.
  8. O primeiro é azul, cheio de vida e de contrastes, de calma e de ondas. 
  9. Nas suas margens, reflectem-se delicadamente as flores amarelas dos seus belíssimos prados.
  10. O Mar Morto é uma lagoa densa e de água salgada, em que não há vida. 
  11. A água que vem do rio, ali fica estagnada.
  12. Que é que faz destes dois lagos, alimentados pelo mesmo rio, lagos tão diferentes? 
  13. Simplesmente isto:
  14. O Lago de Genesaré transmite generosamente o que recebe. A sua água, quando chega ali, parte de imediato para remediar a seca dos campos. Sacia a sede dos homens e dos animais. É uma água altruísta.
  15. A água do Mar Morto estagna-se. Adormece. É salgada. Mata. É uma água esgoísta, estagnada, inútil.
  16. Com as pessoas, passa-se o mesmo. 
  17. As que vivem com generosidade, a dar-se e a oferecer-se aos outros, essas vivem e fazem viver.
  18. As pessoas que, com egoísmo, recebem, guardam e não dão, são como água estagnada, que morre e causa a morte à sua volta.
  19. Muitas pessoas parecem-se com o Mar Morto:
  20. só recebem, acumulam, não se dão e assim constroem uma vida amarga, desgraçada e infeliz.
  21. Há outros, porém, que dão e se oferecem a si mesmos com generosidade e sem esperar recompensa… 
  22. Estes são as pessoas mais felizes do nosso mundo.
  23. Quanto mais nos damos, mais recebemos. 
  24. Quanto menos partilhamos do que é nosso, mais pobres mais nos tornamos pobres.
  25. O que acumula apenas para si, chama desesperadamente pela infelicidade e esta vem ter com ele. 
  26. O que partilha, esse abre a porta à felicidade.

Autor: P. Mariano de Blas (adaptación)
ESTATUTO DE NATAL

 
Art. I:
Que a estrela que guiou os Reis Magos para o caminho de Belém guie-nos também nos caminhos difíceis da vida.
Art. II:
Que o Natal não seja somente um dia, mas 365 dias.
Art. III:
Que o Natal seja um nascer de esperança, de fé e de fraternidade.
Parágrafo único:
Fica decretado que o Natal não é comercial, e sim espiritual.
Art. IV:
Que os homens, ao falarem em crise, lembrem-se de uma manjedoura e uma estrela, que como bússola, apontem para o Norte da Salvação.
Art. V:
Que no Natal, os homens façam como as crianças: dêem-se as mãos e tentem promover a paz.
Art. VI:
Que haja menos desânimos, desconfianças, desamores, tristezas. E mais confiança no Menino Jesus.
Parágrafo único:
Fica decretado que o nascimento de Deus Menino é para todos: pobres e ricos, negros e brancos.
Art. VII:
Que os homens não sigam a corrida consumista de "ter", mas voltem-se para o "ser", louvando o Seu Criador.
Art. VIII:
Que os canhões silenciem, que as bombas fiquem eternamente guardadas nos arsenais, que se ouça os anjos cantarem Glória a Deus no mais alto dos céus.
Parágrafo único:
Fica decretado que o Menino de Belém deve ser reconhecido por todos os homens como Filho de Deus, irmão de todos!
Art. IX:
Que o Natal não seja somente um momento de festas, presentes.
Art. X:
Que o Natal dê a todos um coração puro, livre, alegre, cheio de fé e de amor.
Art. XI:
Que o Natal seja um corte no egoísmo. Que os homens de boa vontade comecem a compartilhar, cada um no seu nível, em seu lugar, os bens e conquistas da civilização e cultura da humildade.
Art. XII:
Que a manjedoura seja a convergência de todas as coordenadas das idéias, das invenções, das ações e esperanças dos homens para a concretização da paz universal
Parágrafo único:
Fica decretado que todos devem poder dizer, ao se darem as mãos.




Autor: Ernest Sarlet
Enviado por: Edi Lamar

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

PROVERBIOS DO INFERNO


No tempo da semeadura, aprende; na colheita, ensina,no inverno, desfruta.
Conduz teu carro e teu arado por sobre os ossos dos mortos.
A estrada do excesso leva ao palácio da sabedoria.
A Prudência é uma solteirona rica e feia, cortejada pela Impotência.
Quem deseja, mas não age, gera a pestilência.
O verme partido perdoa ao arado.
Mergulha no rio quem gosta de água.
O tolo não vê a mesma árvore que o sábio.
Aquele, cujo rosto não se ilumina, jamais há de ser uma estrela.
A Eternidade anda apaixonada pelas produções do tempo.
A abelha atarefada não tem tempo para tristezas.
As horas de loucura são medidas pelo relógio; mas nenhum relógio mede as de sabedoria.
Os alimentos sadios não são apanhados com armadilhas ou redes.
Torna do número, do peso e da medida em ano de escassez.
Nenhum pássaro se eleva muito, se eleva com as próprias asas.
Um cadáver não vinga as injúrias.
O ato mais sublime é colocar outro diante de ti.
Se o louco persistisse em sua loucura, acabaria se tornando Sábio.
A loucura é o manto da velhacaria.
O manto do orgulho é a vergonha.
As Prisões se constroem com as pedras da Lei, os Bordéis, com os tijolos da Religião.
O orgulho do pavão é a glória de Deus.
A luxúria do bode é a glória de Deus. A fúria do leão é a sabedoria de Deus. A nudez da mulher é a obra de Deus.
O excesso de tristeza ri; o excesso de alegria chora.
A raposa condena a armadilha, não a si própria.
Os júbilos fecundam. As tristezas geram.
Que o homem use a pele do leão; a mulher a lã da ovelha.
O pássaro, um ninho; a aranha, uma teia; o homem, a amizade.
O sorridente tolo egoísta e melancólico tolo carrancudo serão ambos julgados sábios para que ejam flagelos.
O que hoje se prova, outrora era apenas imaginado.
A ratazana, o camundongo, a raposa, o coelho olham as raízes; o leão, o tigre, o cavalo, o elefante olham os frutos.
A cisterna contém; a fonte derrama.
Um só pensamento preenche a imensidão.
Dizei sempre o que pensa, e o homem torpe te evitará.
Tudo o que se pode acreditar já é uma imagem da verdade. A águia nunca perdeu tanto o seu tempo como quando resolveu aprender com a gralha.
A raposa provê para si, mas Deus provê para o leão.
De manhã, pensa; ao meio-dia, age; no entardecer, come; de noite, dorme.
Quem permitiu que dele te aproveitasses, esse te conhece.
Assim como o arado vai atrás de palavras, assim Deus recompensa orações.
Os tigres da ira são mais sábios que os cavalos da instrução.
Da água estagnada espera veneno.
Nunca se sabe o que é suficiente até que se saiba o que é mais que suficiente.
Ouve a reprovação do tolo! É um elogio soberano!
Os olhos, de fogo; as narinas, de ar; a boca, de água; a barba, de terra.
O fraco na coragem é forte na esperteza.
A macieira jamais pergunta à faia como crescer; nem o leão, ao cavalo, como apanhar sua presa. Ao receber, o solo grato produz abundante colheita.
Se os outros não fossem tolos, nós teríamos que ser.
A essência do doce prazer jamais pode ser maculada.
Ao veres uma Águia, vês uma parcela da Genialidade. Levanta a cabeça!
Assim como a lagarta escolhe as mais belas folhas para deitar seus ovos, assim o sacerdote lança sua maldição sobre as alegrias mais belas.
Criar uma florzinha é o labor de séculos.
A maldição aperta. A benção afrouxa.
O melhor vinho é o mais velho; a melhor água, a mais nova.
Orações não aram! Louvores não colhem! Júbilos não riem! Tristezas não choram!
A cabeça, o Sublime; o coração, o Sentimento; os genitais, a Beleza; as mãos e os pés, a Proporção.
Como o ar para o pássaro ou o mar para o peixe, assim é o desprezo para o desprezível.
A gralha gostaria que tudo fosse preto; a coruja, que tudo fosse branco.
A Exuberância é a Beleza.
Se o leão fosse aconselhado pela raposa, seria ardiloso.
O Progresso constrói estradas retas; mas as estradas tortuosas, sem o Progresso, são estradas da Genialidade.
Melhor matar uma criança no berço do que acalentar desejos insatisfeitos.
Onde o homem não está a natureza é estéril.
A verdade nunca pode ser dita de modo a ser compreendida sem ser acreditada.
É suficiente! Ou Basta.

 

William Blake

PANORAMA ALÉM.



Não sei que tempo faz, nem se é noite ou se é dia.
Não sinto onde é que estou, nem se estou. Não sei de nada.
Nem de ódio, nem amor. Tédio? Melancolia.
-Existência parada. Existência acabada.

Nem se pode saber do que outrora existia.
A cegueira no olhar. Toda a noite calada
no ouvido. Presa a voz. Gesto vão. Boca fria.
A alma, um deserto branco: - o luar triste na geada...

Silêncio. Eternidade. Infinito. Segredo.
Onde, as almas irmãs? Onde, Deus? Que degredo!
Ninguém... O ermo atrás do ermo: - é a paisagem daqui.
(Barra do Choça!)

Tudo opaco... E sem luz... E sem treva... O ar absorto...
Tudo em paz... 
Tudo só... 
Tudo irreal... 
Tudo morto...
Por que foi que eu morri? 
Quando foi que eu morri?
Cecília Meireles

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

EU SOU UMA MULHER.

     


Eu sou uma mulher que anda por ruas, avenidas, planícies...
cujo corpo, eu posso abandonar em pleno cruzar de uma esquina, ao esperar um semáforo mudar de cor, ao caminhar à beira mar.
Eu sou uma mulher de antenas, você não as pode ver, nem eu, mas sei que existem, pois são elas que me guiam ou mesmo me desvirtuam, mas depois acertam o caminho. 
Eu sou uma mulher que ama a si mesma. 
Eu sou um presente de Deus para mim mesma. 
E esse presente, eu preservo, amo, zelo.

Os meu pés, eu cuido. Hidrato. Massageio. 
As unhas sempre tão lindas! Porque eles são tudo o que tenho para me locomover. Eles me sustentam numa dança ou diante da espera, eles me suportam em tamanha maestria mais que qualquer um poderia fazê-lo. Eles caminham por mim e quando reclamam apenas imploram por leve toque das minhas mãos.

As minhas mãos... Ah, minhas mãos! Tudo o que há de mais belo em mim! Elas tocam peles, cabelos, alimentam. Elas batem, cuidam, acariciam. Elas escrevem cartas de amor ou desamor, assinam destinos, enxugam as minhas lágrimas, percorrem meu corpo, buscam a Deus nas madrugadas. 
As minhas mãos... elas falam, elas são gentis, possuem ar de madame por tão longas, finas, gestuais! Eu as hidrato, eu as banho em águas de rosas. Elas acenam adeus, elas enviam beijos, colhem flores e tiram os espinhos que me furam.
Minhas mãos recusam beijos.

O meu tronco. O meu tronco às vezes se enverga muito, mas sempre me lembro do que passou e o levanto com rapidez e força. 
Eu sou uma mulher que anda por aí, por aqui, de cabeça erguida, alheia aos passantes, absorvida pela vida.
Eu sou uma mulher que ama a si mesma; o meu passo é leve, sem pressa, mas eu não sei achar nada, só tenho certezas ou dúvidas.

Meus braços já não suportam mais tanto peso, mas recebem e se entregam. 
E, nos dias de solidão, eles me abraçam, embalam-me docemente, feito a um bebê e a minha voz surge soprando cantigas quaisquer. 
Os meus braços já quiseram abarcar o mundo, mas hoje aceitam o inevitável e o inquestionável.

Meu sexo me dá prazer, me deu crias, me deu dores, mas acima de tudo é o que carrega a esperança e a certeza de que o amanhã pode amanhecer bem melhor.

Minhas pernas me levam, se entrelaçam em outras pernas, mas principalmente se apertam em mim quando sento e choro, quando me deito e anseio o feto. 
Minhas pernas lembram-se de mãos, recordam pensamentos perdidos na maciez, aqueles minutos que nada dizem, nada dizem. 
Minhas pernas me guiam numa forma que nunca ninguém ousou fazê-lo.

Minha barriga, ah, minha barriga! Quantas vezes cortada? Quantas vezes crescida, inchada, doída? Minha barriga conta minha história que iniciou no umbigo, pariu outros e recebeu toques leves de mãos sedentas. 
Minha barriga possui a fome do mundo e a minha, a fome que comida nenhuma sacia.

Meu olfato, minha audição, minha língua, minha pele, meus vãos... 
amo tudo isso pois é tudo o que realmente possuo. 
Nada mais tenho além do meu corpo, exceto a alma que paira por cima, ao lado, ao redor.

Eu sou uma mulher que anda por aí, por aqui, e outras mulheres olham e admiram ou invejam.
Eu sou uma mulher que caminha com prazer no andar e os homens amadurecidos são sempre tão gentis e me olham com olhos gulosos.
Sabem que existo, imaginam quem sou eu . 
Eu sou uma mulher que os meninos admiram, aguam. 
Eu sou uma mulher que caminha e os mais velhos cumprimentam.
Os tolos assobiam.

Eu sou uma mulher que enxerga muito além do permitido, pois, vejo através da janela do universo. 
E isso me eleva e isso me atira ao chão. 
Eu sou uma mulher que sonha. 
Eu sou uma mulher que tem urgência constante de interpretar cada sonho bem ou mal sonhado, mas que nem sempre consegue.
Sim, sou eu uma bruxa! Aquela que predestina.

Vivo dentro da roda e cheiro a perfume de melancia. 
Eu sou uma mulher completa em si, algumas belezas nem sempre concretas, desvãos, defeitos e segredos, celulite, cicatrizes e manchas, mas que sabe que tudo lhe pertence e a ninguém dá nada, só troca.

Eu sou uma mulher que pode lhe tocar de leve, pedindo colo, ou então, puxar a toalha da mesa, ou o tapete, aquele mais próximo a você, para alcançar o meu objetivo tolo de fazê-lo sentir igual a mim. Porque eu sou uma mulher que não se importa de ouvir verdades. 
Eu sei que todos nós as temos. 
Mas eu passei a vida sonhando com pessoas que rasgassem as minhas fotos, picassem as minhas cartas, gritassem para mim o tanto que estavam magoadas comigo, só para eu ter o direito de me defender, só para eu ter o prazer de ver alguém totalmente despido.

Eu sou uma mulher que anda por todos os cantos, recantos de almas, esconderijos secretos. 
Eu sou uma mulher que já pressentiu a morte várias vezes, mas fez pacto com ela.
Eu sou uma mulher filha de Deus.
Eu sou uma mulher que grita bem alto para que Ele me atenda, mas que também sussurra implorando compaixão.

Eu sou uma mulher que pensa, pensa, 
pensa tanto e ferve tanto e espera tanto e fala tanto e sente tanto que é preciso tempo e vela para se reorganizar, se entender, mas durante anos, quis ser apenas bem centrada, bem controlada e fria, pois eu não queria pensar e não podia sentir.
Descobri que personalidade nasce junto e não há como se desgrudar dela, mas falar, alivia, 
e esperar é um vício bom.

Eu sou uma mulher tão assim assumidamente mulher porque me deram um livro para eu ler, numa língua que eu desconhecia e me deram um tempo curto, muito curto para decorar cada vírgula, cada frase, cada passagem à qual eu passaria.

Eu sou uma mulher que quando morrer será cinza
A cinza de alguma flor.
A flor de alguma cinza.
 Suzana C. Guimarães
(faço minhas, as suas palavras! Leone)

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

SOLIDÃO

              
                          
Imagem  Mirella - Encantos e Paixões® 

Não tenho medo nem das chuvas tempestivas

nem das grandes ventanias soltas,

pois eu também sou o escuro da noite



Clarice Linspector.


imagens - Encantos e Paixões

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010


  
                                                
O QUE A VIDA NÃO ME ENSINOU!

A vida não me ensinou a dizer adeus
às pessoas que eu amo.
A sorrir dos meus desafetos.       

A entender os meus defeitos.
A fazer de conta que tudo está bem
quando isso não é verdade

quando na verdade,estou muito mal.
A aceitar gratuitamente agressões,

fisicas e psicologicas e deixar passar.
A calar-me frente a violência de qualquer tipo.
A aceitar meus erros como inerentes
a qualquer ser humano.
A sorrir quando meu desejo é gritar
todas as minhas dores e as dores do mundo.
A ficar alienado diante dos problemas sociais.
A ser hipócrita.
A amar aos que sempre  me machucam
ou querem fazer de mim depósito
de todas as suas frustrações dores,rancores e desamores.
A ficar em cima do muro.
A fechar meus olhos às injustiças.
A não sentir a lágrima que corre pela minha face diante da dor de alguém que amamos.
A perdoar incondicionalmente.
Tudo isso a vida não me ensinou...








Mas a vida me ensinou:
Algum amor, e que posso amar muito mais.
Algumas poucas alegrias.
Algumas  raras belezas.
Um pouco de poesia.
Ensinou-me algumas vezes a perdoar;

lamentavelmente.algumas mesmo.
Outras vezes a pedir perdão.

A vida me ensinou a sonhar acordada.
A acordar  rápido para a realidade.
A aproveitar cada minuto de felicidade.
Ensinou-me que é bom ter e chorar de saudade.
Ensinou-me a maravilha que é enxergar,
ver e ouvir as estrelas.
A ver o encanto dos poentes e dos poetas.
A abrir minha janela para o mar.
A ver... perceber as belas paisagens.
Ensinou-me a não ter medo do futuro

do escuro, da dor, do desamor e da solidão.
E a viver intensamente o presente.
Como um presente que por ELE me é dado.
Como um diamante a ser por mim lapidado, a lhe dar forma da maneira que eu escolher.
A vida me ensinou a sua essência:

Que o AMOR é o que dignifica, dá sentido, colorido e brilho à nossa existência.

(Desconheço a Autoria)
 
 
 
extraido do blog João de Angola.

domingo, 28 de novembro de 2010

GENTE FINA.

  "Gente fina é aquela que é tão especial 
que a gente nem percebe se é gorda, magra, velha, moça, loira, morena, alta ou baixa.
Ela é gente fina, ou seja, está acima de qualquer classificação.
Todos a querem por perto.
Tem um astral leve, 
mas sabe aprofundar as questões quando necessário.
É simpática, mas não bobalhona.
É uma pessoa direita, mas não escravizada pelos certos e errados: sabe transgredir sem agredir.
Gente fina é aquela que é generosa, mas não banana.
Te ajuda, mas permite que você cresça sozinho.
Gente fina diz mais sim do que não, e faz isso naturalmente, não é para agradar.
Gente fina se sente confortável em qualquer ambiente:
num boteco de beira de estrada 
e num castelo no interior da Escócia.
Gente fina não julga ninguém - tem opinião, apenas.
Um novo começo de era, com gente fina, elegante e sincera.
O que mais se pode querer?
Gente fina não esnoba, não humilha, não trapaceia,
não compete e, como o próprio nome diz, não engrossa.
Não veio ao mundo pra colocar areia no projeto dos outros.
Ela não pesa, mesmo sendo gorda, e não é leviana,
mesmo sendo magra.
Gente fina é que tinha que virar tendência.
Porque, colocando na balança,
é quem faz a diferença."   


Texto da Martha Medeiros

VOCE É CHIQUE?

SER  CHIQUE  SEMPRE  (GLÓRIA KALIL)

Nunca o termo "chique" foi tão usado para qualificar pessoas como nos
 dias de hoje.
A verdade é que ninguém é chique por decreto. 
E algumas boas coisas da vida, 
infelizmente, não estão à venda. 
Elegância é uma delas.
Assim, para ser chique é preciso muito mais que um guarda-roupa ou closet recheado de grifes famosas e importadas. 
Muito mais que um belo carro Italiano.
O que faz uma  pessoa chique,
 não é o que essa pessoa tem,
mas a forma como ela se comporta perante a vida.
Chique mesmo é quem fala baixo.

Quem não procura chamar atenção com suas risadas muito altas,nem por seus imensos decotes
nem precisa contar vantagens,
mesmo quando estas são verdadeiras.
Chique é atrair, mesmo sem querer, todos os olhares, porque se tem brilho próprio.
Chique mesmo é ser discreto,
não fazer perguntas ou insinuações inoportunas,
nem procurar saber o que não é da sua conta.
Chique mesmo é parar na faixa de pedestre.

É evitar se deixar levar pela mania nacional de jogar lixo na rua.
Chique mesmo é dar bom dia ao porteiro do seu prédio 
e às pessoas que estão no elevador.
É lembrar do aniversário dos amigos.
Chique mesmo é não se exceder jamais!

Nem na bebida, nem na comida, 
nem na maneira de se vestir.
Chique mesmo é olhar nos olhos do seu interlocutor.
É "desligar o radar" quando estiverem sentados à mesa do restaurante, 
e prestar verdadeira atenção a sua companhia.
Chique mesmo é honrar a sua palavra, 
ser grato a quem o ajuda,
correto com quem você se relaciona 
e honesto nos seus negócios.
Chique mesmo é não fazer a menor questão de aparecer,

ainda que você seja o homenageado da noite!
Mas  para ser chique, chique mesmo, 
você tem, antes de tudo,
de  se lembrar sempre de o quão breve é a vida

e de que, ao final e ao cabo, 
vamos todos retornar ao mesmo lugar,
na mesma forma de energia.
Portanto, não gaste sua energia com o que não tem valor,
não desperdice as pessoas interessantes com quem se encontrar e não aceite, em hipótese alguma, 
fazer qualquer coisa que não te faça bem.
Lembre-se: o diabo parece chique, 
mas o inferno não tem qualquer glamour!
Porque, no final das contas, chique mesmo é ser feliz!
 

Gloria Kalil

terça-feira, 23 de novembro de 2010

O CONVITE

Neste encontro com você, penso:
Não me interessa o que você faz para viver.
Eu quero saber o que de fato você busca e se é capaz de ousar, sonhar, encontrar as aspirações de seu coração.
Não me interessa a sua idade, eu quero saber se você será capaz de se transformar em um tolo para poder amar, viver seus sonhos, aventurar-se a estar vivo.
Não me interessa qual o planeta que está em quadratura com sua lua.
Eu quero saber se você tocou o centro de sua tristeza, se você tem sido exposto pelas traições da vida ou se tem se contorcido e se fechado com medo da próxima dor.
Eu quero saber se você é capaz de se sentar com a dor, a sua e a minha, sem tentar escondê-la, nem melhorá-la.
Eu quero saber se você pode ficar com a alegria, a minha e a sua.
Se você é capaz de dançar loucamente e deixar que o êxtase o envolva, até as pontas dos pés e das mãos sem querer nos aconselhar a ser mais cuidadosos, mais realistas, nem nos lembrar as limitações do ser humano.
Não me interessa se a história que você me conta é verdadeira.
Eu quero saber se você é capaz de desapontar o outro para ser verdadeiro consigo mesmo.
Se você é capaz de suportar a acusação de traição e não trair a própria alma.
Eu quero saber se você pode ser confiável e verdadeiro.
Eu quero saber se você pode ver a beleza mesmo quando o dia não está belo e se pode ligar a sua vida a presença de
DEUS.
Eu quero saber se você é capaz de viver com os fracassos, os seus e os meus, e mesmo assim se postar nas margens de um lago e gritar para os reflexos da lua: “Sim”.
Não me interessa onde você mora e nem quanto dinheiro você ganha, eu quero saber se é capaz de acordar depois da noite do luto e do desespero, exausto e ferido até a alma, e fazer aquilo que precisa ser feito.
Não me interessa o que você é e nem mesmo como chegou até aqui. Eu quero saber se você irá postar-se comigo no centro do fogo e não fugir.
Não me interessa onde e com quem você estudou. Eu quero saber o que o sustenta interiormente quando tudo o mais desabou.
Eu quero saber se você é capaz de ficar só consigo mesmo e se realmente é boa companhia para si, mesmo nos momentos vazios.
 
(Palavras de um chefe indígena a forasteiros que chegavam …)
O autor é um ancião indio, sonhador das montanhas Oriah.

sábado, 20 de novembro de 2010

METADE

Que a força do medo que eu tenho,
não me impeça de ver o que anseio.

Que a morte de tudo o que acredito

não me tape os ouvidos e a boca.

Porque metade de mim é o que eu grito,

mas a outra metade é silêncio...

Que a música que eu ouço ao longe,

seja linda, ainda que triste...

Que a mulher que eu amo

seja para sempre amada
mesmo que distante.

Porque metade de mim é partida,

mas a outra metade é saudade.

Que as palavras que eu falo

não sejam ouvidas como prece
e nem repetidas com fervor,
apenas respeitadas,
como a única coisa que resta
a um homem inundado de sentimentos.

Porque metade de mim é o que ouço,

mas a outra metade é o que calo.

Que essa minha vontade de ir embora

se transforme na calma e na paz
que eu mereço.

E que essa tensão

que me corrói por dentro
seja um dia recompensada.

Porque metade de mim é o que eu penso,

mas a outra metade é um vulcão.

Que o medo da solidão se afaste

e que o convívio comigo mesmo
se torne ao menos suportável.

Que o espelho reflita em meu rosto,

um doce sorriso,
que me lembro ter dado na infância.

Porque metade de mim

é a lembrança do que fui,
a outra metade eu não sei.

Que não seja preciso

mais do que uma simples alegria
para me fazer aquietar o espírito.

E que o teu silêncio

me fale cada vez mais.

Porque metade de mim

é abrigo, mas a outra metade é cansaço.

Que a arte nos aponte uma resposta,

mesmo que ela não saiba.

E que ninguém a tente complicar

porque é preciso simplicidade
para fazê-la florescer.

Porque metade de mim é platéia

e a outra metade é canção.

E que a minha loucura seja perdoada.


Porque metade de mim é amor,

e a outra metade...
também

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

{ } 1947, Berna - Suíça - Clarice Linspector

Saudades dos meus passeios nas noites geladas de Berna, jogando xadrez pelas avenidas, conhecendo pessoas maravilhosas...

causando até inveja em algumas mulheres incompetentes (especialmente mulheres,juro!) que pensam que brasileiras só visitam a Europa para se prostituir. Ridikulo!!!. É preciso muito, para passear pelas noites européias e não somente um corpo bonito e uma mente rude.(Leone Lacerda)


“Não pense que a pessoa tem tanta força assim a ponto de levar qualquer espécie de vida e continuar a mesma. 

Até cortar os defeitos pode ser perigoso - 
nunca se sabe qual o defeito que sustenta nosso edifício inteiro...  
Há certos momentos em que o primeiro dever a realizar é em relação a si mesmo. 
Quase quatro anos me transformaram muito.
Do momento em que me resignei, perdi toda a vivacidade e todo interesse pelas coisas. Você já viu como um touro castrado se transforma em boi. Assim fiquei eu... 
Para me adaptar ao que era inadaptável, para vencer minhas repulsas e meus sonhos, tive que cortar meus grilhões - 
cortei em mim a forma que poderia fazer mal aos outros e a mim. 
E com isso cortei também a minha força. 
Ouça: 
respeite mesmo o que é ruim em você, sobretudo o que imaginam que é ruim em você - não copie uma pessoa ideal, 
copie você mesma 
- é esse seu único meio de viver. 
Juro por Deus que, se houvesse um céu, uma pessoa que se sacrificou por covardia ia ser punida e iria para um inferno qualquer. 
Se é que uma vida morna não é ser punida por essa mesma mornidão. 
Pegue para você o que lhe pertence, e o que lhe pertence é tudo o que sua vida exige. Parece uma vida amoral. 
Mas o que é verdadeiramente imoral é ter desistido de si mesma. 
Gostaria mesmo que você me visse e assistisse minha vida sem eu saber. 
Ver o que pode suceder quando se pactua com a comodidade da alma”


Carta publicada por Caio F. de Abreu em 1995, onde autenticidade de Clarice Lispector é duvidosa. Mas ele mesmo comenta: "A beleza e o conteúdo de humanidade que a carta contém valem a pena a publicação...

sábado, 30 de outubro de 2010

ARTUR, FOLGO-ME EM SER UMA PRINCESA GOSTOSA!!! DESCULPE-ME AS QUE NÃO SÃO OU NÃO SE CONSIDERAM.






 
 Ninguém mais sabe o que é ser faceira. 
A palavra foi se desgastando pela deformação semântica tão comum em atitudes revogadas.
Quem hoje, saberá o que representa para uma mulher ser faceira? 
Hoje a moçada não está nem aí para ser faceira. 
Quer é ser gostosa, expressão algo grosseira,
nada obstante sua veracidade.

Não! Não! Não! 
Faceiro é muito mais do que isso. 
Amiga minha, bela mulher, "racé", classuda, com ar de princesa, mais para Grace Kelly que outro dia reclamava a quem lhe elogiava a beleza de cisne: 
“— Estou cansada de ser princesa, elegante, classuda! 
Nunca ninguém me chamou de gostosa.”                              Pois tive vontade de lhe dizer que muitas vezes subjaz(1) na mulher faceira uma sensualidade refinada, intensa mas calada, discreta, sofisticada até, longe e superior à concepção atual da “gostosa” que nos é imposta pela propaganda de cerveja, essa insuportável e deletéria propaganda de cerveja.

Pois fico com a mulher faceira. 
Faceira é a mulher que tem o gosto do garbo, 
da tafularia, da afetação, do dengo, como formas de expressar alegria, prazer de viver, vitalidade, delicadeza de sentimentos, uma certa ânsia de harmonia, 
de mansidão, de conviver gostoso.

Faceira vem de face, que deriva do latim “facies” ou “facia”, no latim popular. O sentido desta expressão é o de “forma exterior”, “aspecto geral de alguém”, “ar”. Pois faceira é a mulher que consegue fazer de seu “aspecto geral”, um ar de beleza, juventude, alegria, leveza. 
Em Portugal esse sentido ainda perdura e é falado.

Leveza é a virtude, minha doce leitora. A vida é tão carregada de densidades, dores e problemas, que passar por dentro deles e conseguir manter uma face jovem, taful(2) e um ar alegre, indica uma filosofia de vida, uma energia, uma saúde interior. A pessoa faz-se leve às demais. Desobriga os outros do peso de suportá-la, entendê-la, ouvir-lhe os sofrimentos.

Faceira, portanto, é graça, e muita, na mulher!

Um amigo português usa outra palavra correta, devido ao hábito do falar preciso de Portugal: 
garrida sim, a faceirice faz as mulheres garridas, elegantes, enfeitadas, brilhantes, casquilhas(3). 
Por falar nisso, ocorre-me uma outra característica a da mulher catita(4). Essa caiu em desuso. 
Mas os portugueses ainda têm outros recursos no idioma para elogiarem as mulheres: 
“airosa” !

Faceira, garrida, catita, airosa, seria a bela mulher carioca a recuperar nos seus modos feminis, alguns adjetivos que caíram em desuso. 
Seria a mulher a recuperar, com novas modas e contornos, 
os adjetivos que envelheceram. 
Soem as trombetas. 
Está cheio de faceiras, airosas e garridas pelas ruas e praias deste Rio de Janeiro. 
Deus as abençoe! 
Quanto à hoje badalada gostosa, cuidado: 
isso só sabe na hora do amor.

O resto é voyeurismo...

Artur da Távola 


presente da minha irmã Linda Lacerda.