domingo, 28 de novembro de 2010

GENTE FINA.

  "Gente fina é aquela que é tão especial 
que a gente nem percebe se é gorda, magra, velha, moça, loira, morena, alta ou baixa.
Ela é gente fina, ou seja, está acima de qualquer classificação.
Todos a querem por perto.
Tem um astral leve, 
mas sabe aprofundar as questões quando necessário.
É simpática, mas não bobalhona.
É uma pessoa direita, mas não escravizada pelos certos e errados: sabe transgredir sem agredir.
Gente fina é aquela que é generosa, mas não banana.
Te ajuda, mas permite que você cresça sozinho.
Gente fina diz mais sim do que não, e faz isso naturalmente, não é para agradar.
Gente fina se sente confortável em qualquer ambiente:
num boteco de beira de estrada 
e num castelo no interior da Escócia.
Gente fina não julga ninguém - tem opinião, apenas.
Um novo começo de era, com gente fina, elegante e sincera.
O que mais se pode querer?
Gente fina não esnoba, não humilha, não trapaceia,
não compete e, como o próprio nome diz, não engrossa.
Não veio ao mundo pra colocar areia no projeto dos outros.
Ela não pesa, mesmo sendo gorda, e não é leviana,
mesmo sendo magra.
Gente fina é que tinha que virar tendência.
Porque, colocando na balança,
é quem faz a diferença."   


Texto da Martha Medeiros

VOCE É CHIQUE?

SER  CHIQUE  SEMPRE  (GLÓRIA KALIL)

Nunca o termo "chique" foi tão usado para qualificar pessoas como nos
 dias de hoje.
A verdade é que ninguém é chique por decreto. 
E algumas boas coisas da vida, 
infelizmente, não estão à venda. 
Elegância é uma delas.
Assim, para ser chique é preciso muito mais que um guarda-roupa ou closet recheado de grifes famosas e importadas. 
Muito mais que um belo carro Italiano.
O que faz uma  pessoa chique,
 não é o que essa pessoa tem,
mas a forma como ela se comporta perante a vida.
Chique mesmo é quem fala baixo.

Quem não procura chamar atenção com suas risadas muito altas,nem por seus imensos decotes
nem precisa contar vantagens,
mesmo quando estas são verdadeiras.
Chique é atrair, mesmo sem querer, todos os olhares, porque se tem brilho próprio.
Chique mesmo é ser discreto,
não fazer perguntas ou insinuações inoportunas,
nem procurar saber o que não é da sua conta.
Chique mesmo é parar na faixa de pedestre.

É evitar se deixar levar pela mania nacional de jogar lixo na rua.
Chique mesmo é dar bom dia ao porteiro do seu prédio 
e às pessoas que estão no elevador.
É lembrar do aniversário dos amigos.
Chique mesmo é não se exceder jamais!

Nem na bebida, nem na comida, 
nem na maneira de se vestir.
Chique mesmo é olhar nos olhos do seu interlocutor.
É "desligar o radar" quando estiverem sentados à mesa do restaurante, 
e prestar verdadeira atenção a sua companhia.
Chique mesmo é honrar a sua palavra, 
ser grato a quem o ajuda,
correto com quem você se relaciona 
e honesto nos seus negócios.
Chique mesmo é não fazer a menor questão de aparecer,

ainda que você seja o homenageado da noite!
Mas  para ser chique, chique mesmo, 
você tem, antes de tudo,
de  se lembrar sempre de o quão breve é a vida

e de que, ao final e ao cabo, 
vamos todos retornar ao mesmo lugar,
na mesma forma de energia.
Portanto, não gaste sua energia com o que não tem valor,
não desperdice as pessoas interessantes com quem se encontrar e não aceite, em hipótese alguma, 
fazer qualquer coisa que não te faça bem.
Lembre-se: o diabo parece chique, 
mas o inferno não tem qualquer glamour!
Porque, no final das contas, chique mesmo é ser feliz!
 

Gloria Kalil

terça-feira, 23 de novembro de 2010

O CONVITE

Neste encontro com você, penso:
Não me interessa o que você faz para viver.
Eu quero saber o que de fato você busca e se é capaz de ousar, sonhar, encontrar as aspirações de seu coração.
Não me interessa a sua idade, eu quero saber se você será capaz de se transformar em um tolo para poder amar, viver seus sonhos, aventurar-se a estar vivo.
Não me interessa qual o planeta que está em quadratura com sua lua.
Eu quero saber se você tocou o centro de sua tristeza, se você tem sido exposto pelas traições da vida ou se tem se contorcido e se fechado com medo da próxima dor.
Eu quero saber se você é capaz de se sentar com a dor, a sua e a minha, sem tentar escondê-la, nem melhorá-la.
Eu quero saber se você pode ficar com a alegria, a minha e a sua.
Se você é capaz de dançar loucamente e deixar que o êxtase o envolva, até as pontas dos pés e das mãos sem querer nos aconselhar a ser mais cuidadosos, mais realistas, nem nos lembrar as limitações do ser humano.
Não me interessa se a história que você me conta é verdadeira.
Eu quero saber se você é capaz de desapontar o outro para ser verdadeiro consigo mesmo.
Se você é capaz de suportar a acusação de traição e não trair a própria alma.
Eu quero saber se você pode ser confiável e verdadeiro.
Eu quero saber se você pode ver a beleza mesmo quando o dia não está belo e se pode ligar a sua vida a presença de
DEUS.
Eu quero saber se você é capaz de viver com os fracassos, os seus e os meus, e mesmo assim se postar nas margens de um lago e gritar para os reflexos da lua: “Sim”.
Não me interessa onde você mora e nem quanto dinheiro você ganha, eu quero saber se é capaz de acordar depois da noite do luto e do desespero, exausto e ferido até a alma, e fazer aquilo que precisa ser feito.
Não me interessa o que você é e nem mesmo como chegou até aqui. Eu quero saber se você irá postar-se comigo no centro do fogo e não fugir.
Não me interessa onde e com quem você estudou. Eu quero saber o que o sustenta interiormente quando tudo o mais desabou.
Eu quero saber se você é capaz de ficar só consigo mesmo e se realmente é boa companhia para si, mesmo nos momentos vazios.
 
(Palavras de um chefe indígena a forasteiros que chegavam …)
O autor é um ancião indio, sonhador das montanhas Oriah.

sábado, 20 de novembro de 2010

METADE

Que a força do medo que eu tenho,
não me impeça de ver o que anseio.

Que a morte de tudo o que acredito

não me tape os ouvidos e a boca.

Porque metade de mim é o que eu grito,

mas a outra metade é silêncio...

Que a música que eu ouço ao longe,

seja linda, ainda que triste...

Que a mulher que eu amo

seja para sempre amada
mesmo que distante.

Porque metade de mim é partida,

mas a outra metade é saudade.

Que as palavras que eu falo

não sejam ouvidas como prece
e nem repetidas com fervor,
apenas respeitadas,
como a única coisa que resta
a um homem inundado de sentimentos.

Porque metade de mim é o que ouço,

mas a outra metade é o que calo.

Que essa minha vontade de ir embora

se transforme na calma e na paz
que eu mereço.

E que essa tensão

que me corrói por dentro
seja um dia recompensada.

Porque metade de mim é o que eu penso,

mas a outra metade é um vulcão.

Que o medo da solidão se afaste

e que o convívio comigo mesmo
se torne ao menos suportável.

Que o espelho reflita em meu rosto,

um doce sorriso,
que me lembro ter dado na infância.

Porque metade de mim

é a lembrança do que fui,
a outra metade eu não sei.

Que não seja preciso

mais do que uma simples alegria
para me fazer aquietar o espírito.

E que o teu silêncio

me fale cada vez mais.

Porque metade de mim

é abrigo, mas a outra metade é cansaço.

Que a arte nos aponte uma resposta,

mesmo que ela não saiba.

E que ninguém a tente complicar

porque é preciso simplicidade
para fazê-la florescer.

Porque metade de mim é platéia

e a outra metade é canção.

E que a minha loucura seja perdoada.


Porque metade de mim é amor,

e a outra metade...
também

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

{ } 1947, Berna - Suíça - Clarice Linspector

Saudades dos meus passeios nas noites geladas de Berna, jogando xadrez pelas avenidas, conhecendo pessoas maravilhosas...

causando até inveja em algumas mulheres incompetentes (especialmente mulheres,juro!) que pensam que brasileiras só visitam a Europa para se prostituir. Ridikulo!!!. É preciso muito, para passear pelas noites européias e não somente um corpo bonito e uma mente rude.(Leone Lacerda)


“Não pense que a pessoa tem tanta força assim a ponto de levar qualquer espécie de vida e continuar a mesma. 

Até cortar os defeitos pode ser perigoso - 
nunca se sabe qual o defeito que sustenta nosso edifício inteiro...  
Há certos momentos em que o primeiro dever a realizar é em relação a si mesmo. 
Quase quatro anos me transformaram muito.
Do momento em que me resignei, perdi toda a vivacidade e todo interesse pelas coisas. Você já viu como um touro castrado se transforma em boi. Assim fiquei eu... 
Para me adaptar ao que era inadaptável, para vencer minhas repulsas e meus sonhos, tive que cortar meus grilhões - 
cortei em mim a forma que poderia fazer mal aos outros e a mim. 
E com isso cortei também a minha força. 
Ouça: 
respeite mesmo o que é ruim em você, sobretudo o que imaginam que é ruim em você - não copie uma pessoa ideal, 
copie você mesma 
- é esse seu único meio de viver. 
Juro por Deus que, se houvesse um céu, uma pessoa que se sacrificou por covardia ia ser punida e iria para um inferno qualquer. 
Se é que uma vida morna não é ser punida por essa mesma mornidão. 
Pegue para você o que lhe pertence, e o que lhe pertence é tudo o que sua vida exige. Parece uma vida amoral. 
Mas o que é verdadeiramente imoral é ter desistido de si mesma. 
Gostaria mesmo que você me visse e assistisse minha vida sem eu saber. 
Ver o que pode suceder quando se pactua com a comodidade da alma”


Carta publicada por Caio F. de Abreu em 1995, onde autenticidade de Clarice Lispector é duvidosa. Mas ele mesmo comenta: "A beleza e o conteúdo de humanidade que a carta contém valem a pena a publicação...