segunda-feira, 23 de maio de 2011



 


SILÊNCIO É MISERICÓRDIA

Quando você não revela aos outros a falta de seus irmãos.
Quando você prontamente perdoa sem remexer o passado.
Quando você não julga, mas ora em seu coração.

SILÊNCIO É PACIÊNCIA

Quando você aceita sofrimentos sem reclamar, alegremente.
Quando você não procura consolações humanas.
Quando você não se torna muito excitado, mas espera,
 com paciência que a semente germine.

SILÊNCIO É HUMILDADE

Quando não há competição.
Quando você considera a outra pessoa melhor do que você.
Quando deixa seu irmão brotar, crescer e amadurecer.
Quando você, alegremente, abandona tudo no Senhor,
quando as suas ações podem ser mal interpretadas.
Quando você deixa para outros a glória da recompensa.

SILÊNCIO É FÉ.
Quando você guarda silêncio porque sabe que o Senhor agirá.
Quando você renuncia a voz do mundo para manter-se
na Presença do Senhor.
 
SILÊNCIO É MANSIDÃO

Quando você não defende a si mesmo contra ofensas.
Quando você não clama por seus direitos
Quando você deixa Deus defendê-lo.

(Madre Teresa de Calcutá)




domingo, 22 de maio de 2011

É PRECISO NÃO ESQUECER NADA


É preciso não esquecer nada:
nem a torneira aberta nem o fogo aceso,
nem o sorriso para os infelizes
nem a oração de cada instante.

É preciso não esquecer de ver a nova borboleta
nem o céu de sempre.

Borboleta
O que é preciso é esquecer o nosso rosto,
o nosso nome, o som da nossa voz, o ritmo do nosso pulso.

O que é preciso esquecer é o dia carregado de atos,
a idéia de recompensa e de glória.

O que é preciso é ser como se já não fôssemos,
vigiados pelos próprios olhos
severos conosco, pois o resto não nos pertence.


Cecília Meireles

quarta-feira, 18 de maio de 2011

PARECE...(???) QUE EU SOU CHIQUE!!!

Nunca o termo "chique" foi tão usado para qualificar pessoas, como nos dias de hoje. 
A verdade é que ninguém é chique por decreto.                                E algumas boas coisas da vida, infelizmente, não estão à venda. Elegância é uma delas.                                                                   Assim, para ser chique é preciso muito mais que um guarda-roupa ou closet recheado de grifes famosas e importadas. 
Muito mais que um belo carro italiano.                                             O que faz uma pessoa chique, não é o que essa pessoa tem, mas a forma como ela se comporta perante a vida.                            Chique mesmo é quem fala baixo. Quem não procura chamar atenção com suas risadas muito altas, nem por seus imensos decotes e nem precisa contar vantagens, mesmo quando estas são verdadeiras.
Chique é atrair, mesmo sem querer, todos os olhares, porque se tem brilho próprio.
Chique mesmo é ser discreto, não fazer perguntas ou insinuações inoportunas, nem procurar saber o que não é da sua conta.
Chique mesmo é parar na faixa e dar passagem ao pedestre e evitar se deixar levar pela mania nacional de jogar lixo na rua.
Chique mesmo é dar bom dia ao porteiro do seu prédio e às pessoas que estão no elevador.                                                                       É lembrar do aniversário dos amigos.
Chique mesmo é não se exceder jamais! Nem na bebida, nem na comida, nem na maneira de se vestir.
Chique mesmo é olhar nos olhos do seu interlocutor.                                                                                        É "desligar o radar" quando estiverem sentados à mesa do restaurante, e prestar verdadeira atenção à sua companhia.
Chique mesmo é honrar a sua palavra, ser grato a quem o ajuda, correto com quem você se relaciona e honesto nos seus negócios.
Chique mesmo é não fazer a menor questão de aparecer, ainda que você seja o homenageado da noite!                                                  No entanto, para ser chique, chique mesmo, você tem, antes de tudo, de se lembrar sempre de quão breve é a vida e de que, ao final e ao cabo, vamos todos retornar ao mesmo lugar, na mesma forma de energia.                                                                                  Portanto, não gaste sua energia com o que não tem valor, não desperdice as pessoas interessantes com quem se encontrar e não aceite, em hipótese alguma, fazer qualquer coisa que não lhe faça bem. Porque, no final das contas, chique mesmo é ser feliz!


Autor desconhecido

quarta-feira, 11 de maio de 2011

PARA O MEU GRANDE AMIGO H.T.P.


Pai Nosso que estais no céu,
na terra, em todos os mundos espirituais.

Santificado e Bendito seja sempre o Vosso Nome,

mesmo quando a dor e a desilusão ferirem nosso coração.
Bendito Sejas.

O pão nosso de cada dia, dai-nos hoje.

Pai, dai-nos o pão que
revigora as forças físicas,
mas dai-nos também o pão para o espírito.

Perdoai as nossas ofensas,

mas ensinai-nos antes a merecer o Vosso perdão,
perdoando aqueles que tripudiam sobre nossas dores,
espezinham nossos corações e destroem nossas ilusões.
Que possamos perdoá-los,
não com os lábios e sim com o coração.
Afastai de nosso caminho todo
sentimento contrário a caridade.

Que este Pai Nosso seja dadivoso

para todos aqueles que sofrem como
espíritos encarnados ou desencarnados.

Que uma partícula deste Pai Nosso

vá até os cárceres onde alguns sofrem merecidamente,
mas outros pelo erro judiciário.
Que vá até os hospícios iluminando os cérebros conturbados que ali se encontram.
Que vá até os hospitais, onde muitos choram
e sofrem sem o consolo da palavra amiga.
Que vá a todos aqueles que neste momento
transpõem o pórtico da vida terrena para a espiritual, para que tenham um guia e o Vosso perdão.
Que este Pai Nosso vá até os lupanaranes
e erga as pobres e infelizes criaturas
que para ali foram tangidas pela fome,
dando-lhes apoio e fé.
Que vá até o seio da Terra onde o mineiro
está exposto ao fogo do grizu e que ele,
findo o dia, possa voltar ao seio de sua família.
Que este Pai Nosso vá até os dirigentes das nações
para que evitem a guerra e cultivem a paz.

Tende piedade dos órfãos e viúvas.

Daqueles que até esta hora não
tiveram uma côdea de pão.

Tende compaixão dos navegadores dos ares.

Dos que lutam com os vendavais no meio do mar bravio.

Tende piedade da mulher que abre os olhos do ser à vida.


E que a Paz e a Harmonia do Bem fiquem entre nós

e estejam com todos.

Assim seja.


Um Ser de Luz
 

segunda-feira, 9 de maio de 2011

NÃO TARDA, ESPERANÇA!





Não tarda, esperança! Que os olhos de muitos precisam ver a alvorada com todo o esplendor das tuas cores. 
Não te demores tanto, pois tantas almas anseiam pelas tuas carícias para sararem suas feridas.
Tantos te procuram em cada sol poente, em cada piscar de uma estrela, nos caminhos de sol e não te encontram.                        Onde estás? Em quais mares mergulhastes, em qual pedaço do ventre da terra te enterrastes.                                                          Por que te escondes de tantos corações infelizes, sofridos, agonizantes?                                                                                       Olha as calçadas frias, onde corpos miseráveis, desnudos de homens e crianças suplicam pela piedade pública.   

Coloca nessas mãos que mendigam uma gota da tua cor, da tua luz. Pais e mães indigentes com suas almas nuas pedem por seus filhos doentes, famintos, de peles sem viço, para tantos braços e pernas que passam acelerados e não vêem qualquer sinal que possa sair das tuas entranhas invisíveis.                                                    Apressa-te, esperança, vem nos ventos gelados das madrugadas aquecer o espírito dessa gente que o mundo esqueceu, que a vida sabotou. 
 Olha, essa caravana de dores, esse cortejo de infortúnios que desfilam melancolicamente seus dramas rotineiros, que te buscam em cada esquina, em cada porta que batem, que abrem e se fecham, em cada oração em que sussurram e não vêem os contornos do teu vulto.                                

 
Mostra a plumagem colorida das tuas asas, que imaginamos gigantescas, e resguarda das chuvas fortes a vergonhosa e dolorida nudez desses corpos gementes de dor.  

Estanca, esperança, com o alvo algodão do teu ventre, o sangrar desses corações cortados pela revolta que nasce da injustiça, do desprezo, da humilhação, berços ingratos dos seus estômagos vazios, do vazio das suas almas, que se esvaem na tua espera, na tua vinda, na quase desistência de sentirem as tuas glórias.                  
Não estanca, agora, o teu passo.   
  Não trai mais quem te espera abraçado com a desesperança, arrastando-se pelos corredores em que ficam escondidos no lado mais escuro da vida.                                                                         Não nega o teu beijo para quem tem os lábios ávidos de matar a sede na tua fonte que pensamos ser incessante de líquidos, de formas, de sonhos visíveis, invisíveis, de doces mistérios, de encantados segredos.  
Não estanca, esperança, jamais o teu passo!                                                                                                       Mostra para quem ardentemente precisa, que tuas mãos podem escrever histórias de vidas que só a fé explica.


Noelio Mello · Belém, PA.
Lane, como voce pediu, seguem algumas fotos daqui da Casa da Tranquilidade. 
 

sexta-feira, 6 de maio de 2011

PARA AS MÃES...

Da pátria formosa distante e saudoso


Chorando e gemendo meus cantos de dor,


Eu guardo no peito a imagem querida


Do mais verdadeiro, do mais santo amor:


Minha Mãe!


Nas horas caladas das noites de estio,


Sentado sozinho co'a face na mão,


Eu choro e soluco por quem me chamava:


Ó filho querido do meu coracão.


Minha Mãe!


No berco pendente dos ramos floridos,


Em que eu pequenino feliz dormitava,


Quem é que esse berco com todo o cuidado


Cantando cantigas alegre embalava?


Minha Mãe!





De noite, alta noite, quando eu já dormia,


Sonhando esses sonhos dos anjos dos céus,


Quem é que meu lábios dormentes tocava,


Qual anjo da guarda, qual sopro de Deus?


Minha Mãe!


Feliz o bom filho que pode, contente,


Na casa paterna, de noite e de dia,


Sentir as carícias do anjo de amores,


Da estrela brilhante que a vida nos guia:


Minha Mãe!


Por isso eu agora, na terra do exílio,


Sentado sozinho co'a face na mão,


Suspiro e soluco por quem me chamava:


"Oh filho querido do meu coracão!"


Minha Mãe!
O nome de minha mãe (1914-1992)
Casimiro de Abreu

quarta-feira, 4 de maio de 2011



A GENTE SE ACOSTUMA


Eu sei que a gente se acostuma. 
Mas não devia.
A gente se acostuma a morar em apartamento de fundos e não ver vista que não sejam as janelas ao redor. 
E porque não tem vista logo se acostuma a não olhar para fora. E porque não olha para fora, logo se acostuma e não abrir de todo as cortinas. E porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E, à medida que se acostuma, se esquece do sol, se esquece do ar, esquece da amplidão.

A gente se acostuma a acordar sobressaltado porque está na hora. A tomar café correndo porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus porque não pode perder tempo. A comer sanduíche porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.
A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra. E aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E não aceitando as negociações de paz, aceitar ler todo dia de guerra, dos números, da longa duração.
A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: “hoje não posso ir”. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisa tanto ser visto. 
A gente se acostuma a pagar por tudo o que se deseja e necessita. E a lutar para ganhar com que pagar. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagará mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra. 
A gente se acostuma a andar nas ruas e ver cartazes. A abrir as revistas e ler artigos. A ligar a televisão e assistir comerciais. A ir ao cinema e engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos. 
A gente se acostuma à poluição, às salas fechadas de ar condicionado e ao cheiro de cigarros. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam à luz natural. Às bactérias de água potável. À contaminação da água do mar. À morte lenta dos rios. Se acostuma a não ouvir passarinhos, a não ter galo de madrugada, a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta por perto. 
A gente se acostuma a coisas demais para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta lá.
Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente só molha os pés e sua o resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito que fazer, a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem muito sono atrasado.
A gente se acostuma a não falar na aspereza para preservar a pele. Se acostuma para evitar sangramentos, para esquivar-se da faca e da baioneta, para poupar o peito.
A gente se acostuma para poupar a vida.
Que aos poucos se gasta, e que, de tanto acostumar, se perde de si mesma. 

Marina Colassanti
"SE"


Se és capaz de manter a tua calma quando todo mundo em teu redor já a perdeu e te culpa,
de crer em ti quando estão todos duvidando e para esses, no entanto, achar uma desculpa;
 
Se és capaz de esperar sem te desesperares, ou, enganado, não mentir ao mentiroso,
ou, sendo odiado, sempre ao ódio te esquivares, e não parecer bom demais, nem pretensioso;
 
Se és capaz de sonhar - sem fazer dos sonhos teus senhores; de pensar - sem que só a isso te atire; de, encontrando a desgraça  e o triunfo, conseguires tratar da mesma forma a estes dois impostores;
 
Se és capaz de sofrer a dor de ver mudadas em armadilhas as verdades que disseste
e as coisas porque deste a vida, estraçalhadas, e refazê-las com o bem pouco que te reste;
 
Se és capaz de arriscar numa única parada tudo quanto ganhaste em toda a tua vida,
e perder e, ao perder, sem nunca dizer nada, resignado, tornar ao ponto de partida;
De forçar coração, nervos, músculos, tudo, a dar seja o que for que neles ainda existe,
e a persistir assim quando, exaustos, contudo resta a vontade em ti, que  ainda ordena:
Persisti.
 
Se és capaz de, entre a plebe não te corromperes; e, entre reis, não perder a naturalidade,
e de amigos, quer bons, quer maus, te defenderes;
Se a todos pode ser de alguma utilidade; se és capaz de dar, segundo por segundo,
 ao minuto fatal todo o valor e brilho;

Tua é a terra com tudo o que existe no  mundo.
E - que ainda é muito mais - és um
                 Homem, meu filho.
  


Rudyard Kipling