sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

TEXTO EXTRAIDO DO BLOG: CARTAS...

imagineeeeeeee, a saudade cumpre o papel de fazer os que nos ama perceber a importancia da nossa presenca.
Valeria Valerio









Todos que me conhecem de perto, de muito perto e de muito tempo...sabe que eu adoro CARTAS.
Ultimamente,infelizmente,não sei mais escrever;pois escrever é um hábito maravilhoso,que em certas épocas da vida,é vício.Já não escrevo mais.Copio.Muitas vezes, as palavras se perdem no caminho do meu cérebro e me vejo perdida durante os textos.
Eu tive um amigo A, ha muitos anos atras, que dizia não gostar de cartas,pois elas eram documentos.
Que as palavras as levavam o vento e as cartas,as registravam o tempo.
Adorei esta carta e as anteriores; como estou de viagem para a Europa,também... e estou deixando pessoas muito infelizes e tristes,achei muito conveniente fazer minhas,as palavras da autora S.
O único problema das cartas,é que cada um, interpreta ao bel prazer e tira conclusões,que muitas vezes, não tem nada a ver com o que foi dito.
Eu, não vou embora para a Europa.Não vou me mudar.EU AMO A MINHA ALDEIA.
Mas às vezes, eu também preciso partir um pouco!!!
Eu preciso ver tambem a Europa, vez em quando...
LEONE LACERDA




Curioso R, Sabia que a saudade é uma das sete palavras, no mundo, de mais difícil tradução? A génese do vocábulo está ligada à tradição marítima lusitana. Talvez por isso a utilizamos tantas vezes, sem termos a verdadeira percepção da profundeza do sentimento que acarreta. E não me choca que sintamos saudades, mesmo de quem não se conhece mas que, por algum motivo, por uma qualquer razão inexplicável, faça parte da vida de nascer e morrer de cada um, parafraseando Vergílio Ferreira, um autor português que muito aprecio. Não se apoquente com esta minha misantropia. Bem sei que pode parecer assustadora e de certa forma castradora, por mais que se sinta atraído pelo mistério que imponho. Fui eu que escolhi viver assim, pelo passado, não nego, escolhi este presente e, ao contrário daquelas palavras que recebeu no bilhete com cheiro a lavanda, não corro atrás do futuro. Sabe que me acusaram em tempos, de espancar as pessoas à minha volta, with this strange way of life. Demasiado forte não lhe parece? Peço-lhe apenas que considere que vivo numa impenetrável bolha, com vista panorâmica para o mundo, um exterior de onde ninguém me consegue ver, e que vivo muito bem neste conforto solitário. Paris é com certeza muito tentador, bem sabe. Aquele fim-de-semana que por aí passei, tenho a certeza, não terá chegado para o que posso ainda descobrir entre as luzes cálidas da romântica cidade. Mas olhe que se continua tão descritivo quanto aos apaixonantes lugares por onde deambula, qualquer dia chega-me apenas essa envolvência. Sem mistério corremos o risco de matar a ficção. Ontem à noite recebi a visita da minha senhoria. Pareceu-me que vinha verificar se cumpro as minhas obrigações no que diz respeito ao meu querido companheiro Rubby mas rapidamente me adiantou, enquanto inspirava avidamente – competindo com o faro do canino – que estará ausente durante os próximos dias e que pretendia apenas saber se precisava de alguma coisa no apartamento. Entendi como alguma necessidade de manutenção, talvez, mas estranhei-a com tanta generosidade e boa intenção. A verdade é que quase pulei de contentamento por sabê-la longe, como os miúdos que aproveitam e sonham com momentos sem vigilância e aproveitar para, pela primeira vez desde que aqui aterrei, permitir-me a um desvario. Hoje levantei-me cedo e saí, deixando Rubby também sem supervisão, emprestei-lhe uma pantufa para se entreter que calculo lha oferecerei mais logo, se ainda existir. Momentos de liberdade para ambos. Jamais me teria atrevido a isto sabendo Madame Sophie in the neighborhood! Caminhei quilómetros pela estonteante Oxford Street e, sem querer, acabei por substituir o velho cachecol que me costuma acompanhar em incursões mais delicadas nesta cidade. E sem querer também, e um cachecol que não condiz com o gorro e com as luvas também não condiz comigo, acabei por comprar os agasalhos a rigor e à altura de uma friorenta, crónica, como eu. Terminei cansada mas de pés quentes, sentada num banco de pedra de um jardim que julgo ser privado – hoje é o dia dos atrevimentos – mas ao mesmo tempo achei que estava, por algum motivo que ainda não descobri, escancarado para mim. E é daqui que lhe escrevo – o grande motivo por ter passado aquele portão? Está vazio, de gente, mas cheio de árvores, não frondosas, sem folhas, uma tem uma casinha de madeira, abrigo de passarada que não vislumbro, arbustos viçosos alinhados, oiço água correr ao longe, talvez uma fonte, lembro-me do mar e mais uma vez me sinto instigada a usar a palavra saudade. Oiço também o bater de uma bola de ténis, será possível? E muito de vez em quando um guincho do esforço de um jogador, presumo. Pouco interessa partilhar isto a não ser que algo neste espaço é desconcertante. Talvez o silêncio. Lembro-me lhe ter confidenciado a importância do silêncio na minha vida. Querido R, porque não se deixa apenas embalar pelo som das palavras que lhe escrevo, certa de que lerá em voz alta as cartas que lhe dirijo? O mistério da minha vida está desenhado em simples e pequenos pormenores, ou não fossem todos os pormenores pequenos detalhes, apontamentos, como estes que lhe vou contando quando a alma me permite. Sabe há quantos dias não leio uma só linha dos textos desorganizados que devia estar a rever? Há muitos. Estou cansada – “o que há em mim é sobretudo cansaço”, Álvaro de Campos, se não conhece devia descobrir, talvez se surpreenda. Mas afinal de que se trata esse texto, pequeno e aparentemente sem sentido, que recebeu? X.I.I.?? Já conseguiu descodificar? Perdoe a minha curiosidade, que raramente tenho como aliás bem sabe, mas esse mistério está a divertir-me – talvez porque seja seu – ao ponto de tentar, mas sem sucesso, imaginar que segredo terrível poderá ser esse. Li como algo dramático, parece dramático, não concorda? Porque simplesmente não arruma o envelope num lugar seguro, talvez uma gaveta que ficará certamente perfumada, e espera por sinais que o façam entender, sem equívocos, como se dispõem mil peças móveis, numa só? Já arrefeceu e tenho certamente alguém ansioso pelo meu regresso. E eu ansiosa também por um chá de Rooibos, bem encorpado, que mando vir especialmente da zona do Cabo, África do Sul, um luxo que não dispenso, estranho, não fosse viver numa cidade onde deveria beber infusões Earl Grey. Sabe, eu não sinto que pertença aqui mas não suportaria o frio da península do Alaska. Depois explico-lhe ou talvez consiga obter respostas nas palavras que aqui deixo. Um abraço dissipado de nevoeiro, S

Desconheço o autor(Deve ser meu confidente!)

olha como diria o Guimaraes Rosa, CARECE DE TER CORAGEMMMMMMM... para tudo nessa vidaaaaa
VALERIA VALERIO

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