sábado, 26 de fevereiro de 2011

Para os que virão (Thiago de Mello)
Como sei pouco
e sou pouco,
faço o pouco que me cabe,me dando inteiro.
Sabendo,que não vou ver o homem que quero ser.
Já sofri o suficiente para não enganar a ninguém: principalmente aos que sofrem na própria vida,
a garra da opressão, e nem sabem.
Não tenho o sol escondido no meu bolso de palavras.
Sou simplesmente um homem para quem já a primeira e desolada pessoa do singular
– foi deixando, devagar, sofridamente de ser, para transformar-se - muito mais sofridamente - na primeira e profunda pessoa do plural.
Não importa que doa:
é tempo de avançar de mão dada com quem vai no mesmo rumo,
mesmo que longe ainda esteja de aprender a conjugar o verbo amar.
É tempo sobretudo de deixar de ser apenas a solitária vanguarda de nós mesmos.
Se trata de ir ao encontro.
( Dura no peito, arde a límpida verdade dos nossos erros. )

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